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Relatório mostra quem são as maiores vítimas de violência no Maranhão

Linchamentos, feminicídios, entre outros crimes aconteceram no Maranhão nos últimos 6 meses. Foto: Imirante/Paulo Soares.

A Rede de Observatórios da Segurança monitorou os eventos violentos que aconteceram no estado nos últimos 6 meses. Como resultado, perceberam um grande número de ações policiais violentas que tiveram como consequência a morte de 29 pessoas.

Outro dado preocupante revelado no relatório foram as 79 execuções que seriam fruto da expansão das facções criminosas no estado.

[…] com movimentações de facções, novos tipos de violência em bairros periféricos, uma realidade marginal que vem se ampliando e estabelecendo a morte de jovens como norma. Nas políticas de segurança pública em curso nos estados predomina um cotidiano bélico que tem como efeito o “deixa morrer”

Veja abaixo os números levantados pela Rede de agosto de 2021 a janeiro de 2022.

Imagem: Relatório da Rede de Observatórios da Segurança.

Atuação da polícia

A atuação da polícia teve destaque como agente na repressão às drogas, mas com alvos muito limitados:

Os alvos são pequenos operadores do tráfico e as quantidades de drogas apreendidas são ínfimas. São ações que corroboram para a manutenção do discurso da guerra às drogas que têm como principal objetivo eliminar negros e pobres e não acabar com o tráfico.

Durante o período de monitoramento, também foram registradas quatro mortes de agentes de segurança.

Imagem: Relatório da Rede de Observatórios da Segurança.

Mulheres e crianças vitimadas

O relatório mostrou que uma mulher foi vítima de violência a cada 72 horas. Esses crimes teriam sido cometidos por companheiros ou ex-companheiros das vítimas depois de brigas ou inconformados com o término do relacionamento.

Imagem: Relatório da Rede de Observatórios da Segurança.

Em relação às crianças e adolescentes, o crime mais cometido contra elas foi violência sexual e estupro, sendo que as meninas são a maioria das vítimas.

Imagem: Relatório da Rede de Observatórios da Segurança.

Vítimas LGBTQIA+

Foto: Reprodução.

A Rede deixa claro que não existem muitos registros de violência contra essas pessoas, entretanto essa falta de registro seria reflexo da falta de interesse tanto das instituições de segurança pública, quanto da mídia que poderia noticiar os crimes que não chegam às delegacias.

Mesmo assim, foram destacados dois pontos em comum entre a maioria das vítimas LGBTQIA+ no Maranhão:

  • Os crimes aconteceram no interior
  • As vítimas foram pessoas negras

Essa constatação mostra que além da violência sofrida por preconceito pela orientação sexual, essas vítimas também sofrem racismo.

Linchamento

Foto: Biné Moraes

Um fato positivo nesse relatório está no número de linchamentos no Maranhão:

o Maranhão, que já foi destaque por esse tipo de crime, registrou cinco casos e aponta para uma redução desse tipo de violência, de acordo com o trabalho de campo da REP realizado nos últimos anos.

Dos 5 casos, quatro foram motivados por assalto, enquanto o último não teve a motivação informada.

Leia ao relatório completo clicando aqui.

Leia também: Maranhão não registra quantas pessoas mortas por PMs são negras

O que é a Rede de Observatórios da Segurança?

Imagem: Reprodução

Após dois anos operando na produção cidadã de dados em cinco estados, a Rede de Observatórios, projeto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), com apoio da Fundação Ford, chegou ao Maranhão e ao Piauí no segundo semestre de 2021.

A Rede de Estudos Periféricos, da UFMA e IFMA, e o Núcleo de Pesquisas sobre Crianças, Adolescentes e Jovens, da UFPI se unem a Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas (INNPD); Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop); Laboratório de Estudos da Violência (LEV/UFC) e ao Núcleo de Estudos da Violência (NEV/USP). O objetivo é monitorar e difundir informações sobre segurança pública, violência e direitos humanos.

Saiba mais clicando aqui.

Leia outras matérias na editoria de Cidades.

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