CNBB denuncia omissão do Governo do Maranhão em conflitos agrários
Maranhão: segundo a denúncia, seis pessoas foram assassinadas no campo apenas de junho a novembro. Foto: CPT.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou nota na última quarta-feira (3) denunciando a omissão do Governo do Estado do Maranhão para combater o aumento de conflitos agrários no estado.
Segundo o documento publicado no site da Comissão Pastoral da Terra, desde junho 6 pessoas já foram assassinadas nesses conflitos nas cidades de Junco do Maranhão, Arari, Codó e Palmeirândia, como consequência de ações (ou inércia) do governo estadual:
Tal escalada de violência tem razões estruturais. A aposta governamental no aumento do agronegócio tem relação direta com casos de grilagem e morte no campo e o incentivo a megaprojetos, com o aumento da degradação socioambiental e a expulsão de comunidades a todo custo de seus lugares de vida. Somam-se negligências nas investigações por parte do Estado do Maranhão e instituições competentes, transformando a impunidade em verdadeiras licenças para matar.
A nota é encerrada com críticas e um apelo ao Governo do Maranhão:
Em breve se concluirá, oito anos de um governo de esquerda que promoveu muito mais a expansão do agronegócio, do latifúndio que se estende sobre os territórios de povos e comunidades tradicionais do que regularizar estes territórios em favor das vidas dos povos que vivem em suas comunidades. É inaceitável continuarmos vendo povos e comunidades tradicionais sendo vítimas da violência e da negligência estatal. Portanto, mais uma vez, bradamos que parem de matar os filhos da terra, e cobramos o Governo do Estado do Maranhão por esse banho de sangue. Nos solidarizamos e nos somamos em apoio às famílias vítimas de violências. Conclamamos a todos e todas filhas e filhos de Deus que possam levantar as vozes na defesa da vida de todos os povos e comunidades tradicionais que lutam por seu Bem Viver que está enraizado em seu território.
Leia a nota completa clicando aqui.
Histórico de conflitos no Maranhão
Dados da Comissão Pastoral da Terra mostram o tamanho do problema no Maranhão.
A nota da CNBB lista 6 pessoas que, agora, fazem parte dessa triste estatística:
- Maria da Luz Benício e Reginaldo Alves de Barros, casal de trabalhadores rurais assassinados na comunidade Vilela, município de Junco do Maranhão;
- Antônio Gonçalo Diniz, morto na comunidade Flexeiras em Arari no início de julho;
- José Francisco de Sousa Araújo, assassinado a tiros no dia 11 de julho na comunidade de Volta da Palmeira em Codó;
- Rosa Maria Gomes, morta no dia 15 de julho em Palmeirândia;
- João de Deus Moreira Rodrigues, assassinado no interior de Arari em 29 de outubro.
Em julho deste ano, o Maranhão Independente entrevistou Sônia Guajajara, que foi candidata a vice-presidência nas eleições de 2018, e a liderança indígena já alertava sobre o posicionamento do Governo do Estado para que os conflitos por terras seja impedidos:
O Governo do Estado tem que assumir a responsabilidade de segurança pública e proteção ambiental, e não só empurrar pro Governo Federal, como sempre se fez.
Relembre a entrevista completa.
Texto: Sâmia Martins
Produção: Giovana Kury